artigo de Marcio Henrique Nigro*
Quem tem mais de 35 anos, como eu, viu algumas evoluções de tecnologia marcantes. Muitos dos “brinquedos” do filme Guerra nas Estrelas e do desenhos Os Jetsons deixaram de ser ficção para geração apenas 10 anos mais jovem – toda uma coleção de discos de vinil, uma enciclopédia e um computador cabem hoje num telefone, e são utilizados sem manual de instruções. Seríamos hoje mais práticos ou intuitivos?
A resposta a essa questão não parece simples, já que vimos que a tecnologia criou mobilidade para a informação e permitiu encurtar as distâncias do conhecimento. Entretanto, estar em qualquer lugar virtualmente é uma coisa, fisicamente é outra. Para isso, o carro, que sempre foi símbolo de poder, sucesso e agilidade, considerado o mais confortável e seguro meio de transporte de porta a porta, tem hoje seu desempenho comparável à velocidade de uma galinha nos engarrafamentos, módicos 17 km por hora! E se você fica diariamente parado no trânsito, saiba que você faz o trânsito, mas que também pode mudar esse cenário.
Vejamos alguns números: a frota de veículos no estado de SC é de 0,67 carros por habitante, maior do que média paulista, de 0,59, e que a média nacional de 0,47. Já a média Norte-americana é de 0,9, o que indica que no Brasil há espaço econômico para o setor automobilístico crescer, mas falta espaço físico. Os carros são responsáveis por 70% da ocupação das ruas, mas transportam apenas 20% dos passageiros. É nesse contexto que a carona surge como uma opção alternativa e inteligente para continuar com o conforto e a comodidade do carro sem necessidade de dobrar o número de vias todos os anos. Além disso, resolve a grande causa dos congestionamentos, as viagens denominadas “pêndulo” – casa/trabalho/casa. Dobrando a ocupação dos veículos, é possível reduzir a ocupação das vias e abrir espaço para bicicletas e ônibus circularem com mais tranquilidade. Você chega mais rápido em casa, tem mais tempo livre, pode dividir os custos do trajeto e essa economia certamente será significativa ao longo de um ano – incluindo custos de combustível, estacionamento, pedágio, depreciação do veículo.
População | 433.158 |
Sistema Viário | 1.809 |
Frota de Veículos | 291.698 un. |
Frota de ônibus públicos | 469 un. |
Ciclovias | 36,6 km. |
Dados SC: Fonte Mobilize.org
Mas como dividir o carro, e com quem? A segurança é uma questão fundamental ao se falar em carona. Pensando nisso, o Caronetas criou uma metodologia na qual a empresa se cadastra, recebe um link exclusivo, e todos os usuários que se cadastram são autenticados através de um e-mail corporativo da empresa. É uma alternativa simples e eficiente, pois a empresa que autorizou seu funcionário a utilizar um e-mail corporativo certamente tem todos os documentos e informações que o qualificaram para participar de seu quadro funcional. Isso qualifica e traz segurança aos demais usuários do sistema, favorecendo a carona desde o primeiro contato.
A internet, o Google Maps e as redes sociais têm um papel fundamental na criação de uma plataforma de mobilidade. Hoje é possível georreferenciar um usuário em tempo real, buscar informações e estabelecer o primeiro contato sem utilizar os tradicionais “telefone ou contato físico”. Mas muitas vezes sua carona está na mesa ao lado, ou no mesmo elevador, e você ainda não sabe. Portanto, enquanto não houver teletransporte, esta pode ser sua solução econômica e sustentável para um problema que é de todos.
*Marcio Henrique Nigro é fundador do Caronetas, premiada pela Universidade de Michigan (EUA) como solução de mobilidade urbana no Mobiprize 2012.
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